Wednesday, November 28, 2007

Perdizes


Os que conhecem o bairro de Perdizes em São Paulo sabem de suas descidas e subidas tão íngremes que cansam só de pensar. Uma amiga carioca do Leblon uma vez disse que Perdizes parece cidade do interior.

Não sei se concordo. No interior a vida é bem menos corrida do que essa nas ladeiras de Perdizes.

Dizem que antigamente existia uma fazenda cortada por um rio bem onde hoje existe a avenida Sumaré. Até hoje a gente consegue ver biquinhas d'água brotando em algum canto da Sumaré, que servem de refresco e de tanque de lavar roupa para muitos moradores de rua.

Hoje, prédios não param de surgir... mais atualmente até, só prédios de alto padrão... 4 suítes, 4 vagas na garagem, salas com varandas imensas... Carros, ônibus e muitos cachorros não param sossegados no sobe-desce das ladeiras...

Outro dia, num desses dias cinzas, típicos de São Paulo, fui surpreendida por uma tempestade de verão (em plena primavera!!!) bem quando eu subia a Monte Alegre.

Em questão de minutos a calçada virou uma cachoeira impossível de se andar.
Os carros estacionados, desviavam a água da enxurrada para a calçada e tudo virou um caos total.

O guarda-chuva de pouco adiantou.

Resolvi esperar melhorar o aguaceiro para pelo menos poder terminar minha caminhada até o trabalho. Foram-se 20 minutos nessa espera.

Como não tinha remédio a não ser esperar, fiquei lá embaixo do toldo da lanchonete olhando a bagunça toda.

Imaginei a antiga fazenda.
Árvores grandes.
Árvores pequenas.
Pastos sem fim.
Plantações de lavanda.
Pomar com frutas de todos os tipos.
Bichos.
Joaninhas.

Com a melhora da situação da calçada, segui até o trabalho... ensopada...
... mas de alma bem leve depois do banho de chuva e da minha viagem no tempo.

Friday, November 23, 2007


Com a sensibilidade à flor da pele, hoje vi uma cena que vai ficar para sempre marcada na minha lembrança.

O dia amanheceu frio... gelado.
Em pleno Novembro, não era isso que esperaria-se do clima.
Depois de dar a primeira aula do dia às oito da manhã da sexta-feira, resolvi ir até a padaria comprar um pãozinho com manteiga para matar a fome gigantesca por conta do café da manhã não tomado antes de sair correndo cedo de casa.

Do outro lado da rua, um casal.
A senhora carregava seu filho bem enroladinho em uma manta verde.
Geralmente, crianças, mães com bebês me chamam a atenção por sua beleza em si.
Mas esse casal com seu bebê foi diferente.
O pai, carregava a pequena bolsa da mulher e a abraçava com um dos braços.
Ela, de pele e o olhos claros, tinha um ar triste.

Os três entraram na padaria logo atrás de mim.
A padaria estava lotada.
Logo uma senhora ofereceu seu banco no balcão para a senhora com o bebê

Ela não aceitou.
Ao invés, encostada em uma pilastra, invisivel às pessoas apressadas que tomavam seu café no balcão, checava seu fiho constantemente em baixo do cobertorzinho.
E uma lágrima correu seu rosto.
O marido, de alguma forma a tentava consolar.

Que agonia.
O que haveria de ter acontecido?
Por que ela estava triste?
O que eu posso fazer para ajudar?
Ai, meu Deus!

Nesse turbilhão de pensamentos e sentimentos, peguei meu pedido e covardemente deixei a padaria.

Friday, November 16, 2007

Ciclos


Começou dia 14...
E neste próximo mês estarei fechando alguns ciclos na minha vida.
Dias doloridos.
Importantes.

Muitas vezes tendemos a nos apegar ao que perdemos.
Devo dizer, à idéia do que perdemos e todos os sentimentos envolvidos.
Sei lá porquê...

Talvez pela dificuldade de acreditar que passamos por tudo o que passamos...
... para tentar aceitar que tudo NÃO foi um sonho, embora muitas vezes gostaríamos que tivesse sido.
Ou até mesmo na inútil tentativa de entender nossa vida, nosso destino em nossa passagem por esse mundo de meu Deus.

Desapego.
Desapego do que se foi.
Oh coisa dificil!

Outro dia esse insight me invadiu como a sensação de um corpo caindo.
E de súbito, paz invadiu meu coração...

Meus passos agora serão em direção ao desapego.
Deixar ir o que se foi.
Não é fácil não.

O que vivi, carrego comigo.
O que senti, fica na alma.

E me prepara para o novo...

Thursday, November 8, 2007

O corpo... ah, o corpo


Que coisa mais linda é o corpo da gente.
Ele fala de uma maneira tão subliminar...
às vezes grita!
Que linguagem estranha, essa a do corpo.
Traz em suas células impressões míninas que fazem tanta diferença...
Onde habita nossa alma... nosso verdadeiro eu.

Meu pé está inchado...
Dói.
Cadê meu ossinho?
Não posso correr... caminhar, só um pouco.
Nada de esforço físico.

Como faz diferença!!!

Percebo meu corpo de outra maneira assim.
Isso influencia como eu sinto todas as outras coisas.
Fico irritada, triste, lenta, cansada...
Uma rua parece um campo de batalha...

Cuidando do corpo, cuido da alma também...
Agora, haja massagem, escalda-pé e pernas para cima...

(foto: http://www.flickr.com/photos/faysterpaints/1911427894/)