Wednesday, October 3, 2012

desistir

nem força tinha mais
nem vontade
de nada

se pudesse fecharia seus olhos
para, quem sabe,
abri-los num outro tempo

o sol entrava forte no seu quarto pela manhã
dias amarelos
quentes

cheios de vida
fora dela

dentro dela era vazio
um vazio regado pelas suas lágrimas
na insônia da noite

o passado não contava mais
e o futuro não existia
fincou suas raízes no presente

e o presente se foi
e mais uma vez, sentia o vento
suave e morno passar entre seus dedos

levando embora o que de bom um dia existiu
porque a alegria, assim como a tristeza
se alimenta do dia a dia.

Tuesday, June 26, 2012

noites de tormenta...

foi pela estrada
em uma noite fria de começo de inverno
que ela chorou
ao jogar seus sonhos fora
pela janela do carro

jurou
desistiu
chegou a querer morrer
tamanha a dor de viver
tanto o seu cansaço
em vão

e mais uma vez
conversou consigo
em sua solidão

e chorou mais um pouco
sentiu raiva
da vida
da vida que não ia para lugar algum
do fracasso
da ilusão
do dia seguinte que viria com certeza
e que seria igual a todos os outros
e faria o mesmo que vinha fazendo

sem nada

esse turbilhão
essa tormenta dentro dela
que roubava seu sono
que roubava seu brilho
estava ali mais uma vez
e estaria pra sempre

e faz tudo muito mais dificil
de se acreditar.


Friday, February 17, 2012

... e serão felizes



A concha fechada abre-se.

Uma pérola linda com brilho de estrelas raras.


A menina sabe que é hora.

É hora de ter a pérola em suas mãos.

Guardar sua preciosidade.

Ela sabe com quem quer dividir sua pérola.

Não é mais só.



Na noite enluarada de verão, a menina sente a brisa.

Uma brisa fresca e úmida com aroma de lavandas.



Sua alma está leve com a brisa.

Não há medo.

Não há incerteza.



A brisa perfumada traz sonhos...

Sonhos leves...

Sonhos para serem sonhados junto.

E serão.


Sem medo.

Sem incerteza.

E serão felizes.