Friday, January 29, 2010

Uma luz do chão


A chuva continuou.
Desde aquele dia.
Sentia que eram as lágrimas da sua alma que se colocaram a chorar sem nunca parar.
Tamanha era sua tristeza.
Sua saudade.

Enfiara-se num canto escondido de si mesma que só ela sabia.
Quem a via de fora não enxergava.
Era tão profundo... que por vezes ela mesma sentia que não conseguiria voltar.

Às vezes até queria voltar.
Mas dava uma preguiiiiça...

Às vezes não queria nem saber, afinal, que mundo é esse... que vida é essa... que levam da gente a juventude, a alegria, o viço, as pessoas queridas, a fé?!?!
Perdeu tudo isso.

E a chuva continuava sem cessar... como uma insistente lembrança do vazio.
O cuidado da mãe... o olhar da mãe (Como cena final de "Onde vivem os monstros")... a mão da mãe a pegaram com carinho.
Cuidaram... trataram suas feridas.
Ardeu tanto!
Sua voz macia disse que ela poderia sair de onde estava.
Que era seguro.

Mas e a chuva?
Ela não pára!

E a saudade?
Ela não passa!

Era tão fácil conversar com algumas pessoas...
Com a amiga-irmã de alma...
Com a nova amiga querida, acompanhadas de cafés, capuccinos e bolo de cenoura.
A conversa agradável... leve... a leitura sobre arte e poesia (essência do seu ser) e a música com lembrança da infância... realmente, uma luz do chão...

Mas ainda chove...
Talvez ainda chova por mais algum tempo.
E a saudade de tudo com certeza não irá embora.

Pelo menos existe luz...
Luz de Raquel... Luz de Flávia... Luz de Lina...