Thursday, November 25, 2010

the making of a priestess...


nasceu no outono
sob signo de ar
daí sua leveza

sorriso facil
amizade facil
entrega facil

de uma certa maneira
seu coração seria pra sempre
inocente, infantil até

cresceu nas montanhas
em meio a pores do sol
luas cheias e estrelas cadentes

água de montanha
terra vermelha
passaros cantantes

silêncios e palavras escolhidas
paz e imensidão
sonhos sonhos sonhos

cresceu até não caber
saiu para o mundo
para outros caminhos

sua essência
luz
amor

caiu
levantou
morreu
ressurgiu

abençoada
por Deus
pela natureza
por sua natureza...

Wednesday, November 17, 2010

eu tenho coragem...


é preciso ter um tempo longe daqui
tempo de ficar só
de andar na areia e sumir

amor verdadeiro não reage assim
pode fazer melhor
esconde o medo e sorri

quem já nadou contra a corrente
sabe usar o vento a favor
só o momento é diferente
é a mesma ferramenta que usou

eu não preciso mais fazer o que você diz
dei valor ao meu suor
ninguém decide por mim

se eu agi errado me perdoe
porque eu não quis amarrar um outro nó
que prende pra dividir

o que impede de andar pra frente
é a direção que escolheu
se um abismo separa a gente
quem fez a escavação não fui eu

eu sei que gente que tem coragem não finge
que nada disso aconteceu

quando eu acordei era fim de tarde
meu lado claro escureceu
um novo sol só de manhã

faz envelhecer tendo a mesma idade
de tanto que a alma sofreu

eu sei que gente que tem coragem
não finge

(rodox - quem tem coragem não finge)


Wednesday, November 10, 2010

tormenta...


a tormenta...
chegou de repente
varreu seu coração
lavou com enxurrada
sua vida, suas cores

virou bichinho arisco
bichinho quando é machucado fica assim
evita o olhar
foge ao toque
tem medo das palavras
chora quietinho

na boca
um gosto amargo
no coração
medo
no olhar
um vazio

os sonhos
em um canto qualquer da alma
ela os sabia lá

aos poucos
e com receio
ousava olhar para eles

entre ela e os sonhos
ainda havia um caminho
de tormenta...

Friday, August 27, 2010

coisa dela


foi no caminho de volta que ela se viu novamente só
no andar de suas pernas
o que era esperado não veio

e percebeu que a solidão sempre fizera parte dela
de certa forma não se sentia triste por sentir a conhecida solidão
era lá que se guardava

ela tinha paz
tinha sim
dava pra ver em seus olhos

apesar da secura do ar
e do ceticismo do seu coração
havia paz

e a esperança
do encontro
de novo...

porque o caminho segue...

Tuesday, August 3, 2010

o que faria Amèlie?


o que faria Amèlie
se com seus olhos redondos e escuros como jabuticabas
observasse algumas coisas acontecendo
tecendo-se como teias em portais abandonados
coisas que não ousava falar em voz audivel
mas que seus pensamentos discursavam durante todo o dia?

o que faria Amèlie
se dentro de sua solidão
se sentisse mais só ainda
e de tão só
deixasse de acreditar nas pessoas?

o que faria Amèlie
se sentisse que em suas mãos está o destino
o destino do amor
da dor e de mais solidão ainda
em vez da massa de sua torta de ameixas?

o que faria Amèlie
se não mais encontrasse pedrinhas para ricochetear
criatividade para seus estratagemas
e o vento vazio batesse em seu coração
ecoando o amor que se foi?

e suas valsas, bem que poderiam ter o poder de me levar para um outro lugar...

Tuesday, July 13, 2010

... what's in a name?


foi a ventania que me acordou no meio da noite
dizendo que o sonho não era sonho
que sim, o nome que não me saía da cabeça
era real
estava ali
não havia como negar
o nome tinha sim um significado
um rosto
que doía meu estômago
que pesava minha cabeça
que a paz do sono
se fora
que a certeza de algumas coisas
não eram mais
o nome me dizia que
embora eu lutasse para não acreditar
a verdade eu já sabia
e meu rosto ardia como se houvesse sido estapeado
e a mente ainda buscava explicação racional
ou culpa minha

sim, já era o sonho
e daqui pra frente é incerteza
a ventania me chamou
trouxe a chuva...
sim, a chuva...
aquela chuva.

levanto
respiro o ar úmido
olho para trás e ele está ali
em lençóis brancos

ergo a cabeça
e vou-me
tentando silenciar o nome
com os afazeres do meu dia.

Friday, June 11, 2010

... o décimo primeiro ciclo...


minha vida tem ciclos de 3 anos.
foi num desses que me perdi.
quando a gente se perde, tenta fazer o caminho de volta até um ponto conhecido de onde se possa voltar a caminhar.

11 é o numero das pernas andando... andando novamente.
somados, 1 e 1 são dois.
numero de união... do fim da solidão.
é numero do dia em que nasci.
3 vezes 11 é a combinação do equilibrio com a caminhada.
números que dariam uma bela mandala...

estou voltando a um ponto conhecido antes de me perder.
quero seguir caminhando.

hoje, tive surpresa dos meus alunos queridos do 3. ano da FECAP com direito a bolo, parabéns, bombons de presente e velinha de 18!!!
teve almoço com o pai...
o passeio com o cachorro...
o encontro com os amigos...
as palavras, os desejos, as intenções...
a primeira estrela que apareceu...
tudo tudo feliz!

sim sim... meu décimo primeiro ciclo começa assim... abrindo portas... trazendo amor, saúde, paz...
e disso eu gosto muito!

Monday, June 7, 2010

o caminho de volta...

Como de surpresa percebi que ser feliz é questão de opção.

Não tão simples quanto parece, porém.

Há que se reunir todas as suas observações e apontamentos sobre a vida, sobre si e sobre seus relacionamentos e decidir-se...

Decidir deixar de fora as pessoas que usam de artificios para ficar perto das outras e fingem gostar de si mesmas e também de quem está por perto.

Decidir enxergar que ajuntamento de pessoas não significa amizade, pois se o fosse, a distância não impediria que continuassem juntas, e também não aconteceria que seus corações e ouvidos fossem enfeitiçados pelas artimanhas maldosas e amargas de terceiros que sentem prazer na intriga e na desunião. Não, um não bem forte e decidido para isso tudo.

Ser feliz é opção.

Decidir deixar ir... o amor... o tempo... a dor.
Foi tudo. Foi em paz.

Decidir não sofrer mais por aquele que se aninhou em seu ventre. E sentir-se feliz por te-lo amado.

Decidir (re)encontrar o caminho de casa... e da cachoeira... e do por-do-sol... e do abraço da amiga e do antigo e eterno amor.

Decidir sentir o vento frio no rosto e o sabor da chuva nos lábios... como o beijo de um bom presságio.

Ser feliz é opção... de agradecer pelo aroma da lavanda... o legado da avó... do pai... da mãe e a saudade presente da irmã...

Ser feliz é opção... de tentar fazer dar certo... de abrir uma nova porta e aceitar que seu destino é ser feliz.

Sim.

Eu decido... ser feliz.

(foto: por Dra. Tormenta em Lambari... meu caminho de volta - junho/2010)

Friday, May 14, 2010

talvez... simplesmente


Não há urgência.
Há inquietude.

Inquietude que cala.
Que arranha o coração a cada dia.
Que tira a voz e traz rouquidão.

Dificil saber o que é.
Certas coisas são tão óbvias que chegam a cegar.

Montanha-russa de sentimentos.
Não é o tempo que vai curar.
A morte talvez.

Talvez sair por aí sem rumo.
Talvez uma viagem interna.
Talvez a simples decisão de tentar ser feliz.

Sem medo.
Simplesmente.


She acts like summer and walks like rain
Reminds me that there's a time to change
Since the return of her stay on the moon
She listens like spring and she talks like June
(Train - Drops of Jupiter)

Wednesday, March 24, 2010

Meu silêncio


Não.

Não espere que eu lhe diga como eu me sinto e o que estou pensando.

Olhe nos meus olhos, minha alma lhe dirá.

As palavras saem de mim como um parto forçado, rasgando e arrancando pedaços.

Fazendo chorar.


Escute meu silêncio e leia meus gestos.

Não vou falar.


Não consigo.


Vou falar sobre amenidades, sobre o tempo e o trabalho.

Mas tudo tem um só sentido.

Você precisa saber interpretar.


Se não souber, posso te ensinar.

Meus símbolos são bonitos.

Mesmo os mais tristes.


Se você quiser posso te mostrar.

Mas por favor, não espere, não me espere falar.


Eu vou sentir.

Até chorar.


Na hora de rir, vou te procurar

Mas quem eu sou de verdade, o que sinto aqui dentro,

Me desculpe, não consigo te contar.


No meu silêncio sou inteira.

É só ler no meu olhar.


Sunday, February 21, 2010

Caledonia


I don't know if you can see
The changes that have come over me
In these last few days
I've been afraid
That I might drift away

I've been telling old stories, singing songs
That make me think about where
I've come from
That's the reason why I seem
So far away today

Now I have moved and
I've kept on moving
Proved the points that I needed proving
Lost the friends that I needed losing
Found others on the way

I have kissed the fellas and left them crying
Stolen dreams, yes, there's no denying
I have traveled hard, sometimes with conscience flying
Somewhere with the wind

Now I'm sitting here before the fire
The empty room, the forest choir
The flames have cooled, don't get any higher
They've withered, now they've gone

But I'm steady thinking, my way is clear
And I know what I will do tomorrow
When hands have shaken, the kisses float
Then I will disappear

(música linda de Dougie Maclean que fala muito desse momento na minha vida... http://www.youtube.com/watch?v=L8IwBlgxyss)

Monday, February 15, 2010

As simple as that...


"He awoke each morning with the desire to do right, to be a good and meaningful person, to be, as simple as it sounded and as impossible as it actually was, happy.

And during the course of each day his heart would descend from his chest into his stomach.

By early afternoon he was overcome by the feeling that nothing was right, or nothing was right for him, and by the desire to be alone.

By evening he was fulfilled: alone in the magnitude of his grief, alone in his aimless guilt, alone even in his loneliness.

I am not sad, he would repeat to himself over and over, I am not sad.

As if he might one day convince himself.

Or fool himself.

Or convince others--the only thing worse than being sad is for others to know that you are sad.

I am not sad. I am not sad.

Because his life had unlimited potential for happiness, insofar as it was an empty white room.

He would fall asleep with his heart at the foot of his bed, like some domesticated animal that was no part of him at all.

And each morning he would wake with it again in the cupboard of his rib cage, having become a little heavier, a little weaker, but still pumping.

And by the midafternoon he was again overcome with the desire to be somewhere else, someone else, someone else somewhere else. I am not sad." — Jonathan Safran Foer

Friday, January 29, 2010

Uma luz do chão


A chuva continuou.
Desde aquele dia.
Sentia que eram as lágrimas da sua alma que se colocaram a chorar sem nunca parar.
Tamanha era sua tristeza.
Sua saudade.

Enfiara-se num canto escondido de si mesma que só ela sabia.
Quem a via de fora não enxergava.
Era tão profundo... que por vezes ela mesma sentia que não conseguiria voltar.

Às vezes até queria voltar.
Mas dava uma preguiiiiça...

Às vezes não queria nem saber, afinal, que mundo é esse... que vida é essa... que levam da gente a juventude, a alegria, o viço, as pessoas queridas, a fé?!?!
Perdeu tudo isso.

E a chuva continuava sem cessar... como uma insistente lembrança do vazio.
O cuidado da mãe... o olhar da mãe (Como cena final de "Onde vivem os monstros")... a mão da mãe a pegaram com carinho.
Cuidaram... trataram suas feridas.
Ardeu tanto!
Sua voz macia disse que ela poderia sair de onde estava.
Que era seguro.

Mas e a chuva?
Ela não pára!

E a saudade?
Ela não passa!

Era tão fácil conversar com algumas pessoas...
Com a amiga-irmã de alma...
Com a nova amiga querida, acompanhadas de cafés, capuccinos e bolo de cenoura.
A conversa agradável... leve... a leitura sobre arte e poesia (essência do seu ser) e a música com lembrança da infância... realmente, uma luz do chão...

Mas ainda chove...
Talvez ainda chova por mais algum tempo.
E a saudade de tudo com certeza não irá embora.

Pelo menos existe luz...
Luz de Raquel... Luz de Flávia... Luz de Lina...