Friday, January 28, 2011

vazio


os pedaços
o que sobrou
e o vazio

receio e medo de abrir a porta
o nó apertado na garganta
e a certeza de estar só nesse sentimento

é só dela.

as caixas
os livros
os quadros.

só dela.
ela só...

para voltar atrás
e (re)começar.

Wednesday, January 26, 2011

o depois...


Nunca sofri acidente de avião, mas já ouvi relatos de sobreviventes. Eles percebem a perda de altitude, a potência enfraquecida das turbinas, o desastre iminente, até que acontece a parada definitiva da aeronave e ouve-se um barulho fora do normal, algo verdadeiramente assustador.


Então, após o estrondo, sobe do chão um silêncio absoluto. Por alguns segundos, ninguém fala, ninguém se move. Todos em choque. Não se sabe o que aconteceu, mas sabe-se que é grave. Alguma coisa que existia não existe mais.


É a quietude amortizante de quem não respira, não pensa, não sente nada ainda.


Só então, depois desse vácuo de existência, desse breve período em que ninguém tem certeza se está vivo ou morto, começam a surgir os primeiros movimentos, os primeiros gemidos, uma sinfonia de lamentos que dará início ao que está por vir: O DEPOIS.


Fora de mim - Martha Medeiros

Tuesday, January 25, 2011

no silêncio da redoma


virou o ano
girou a roda da vida
do destino

uma perda
um luto
e mudanças

também a coragem de olhar para o sonho
e finalmente tê-lo nas mãos
e esperar por ele

e sonhar um pouco mais...
e o silêncio
e o olhar que observa
e o coração que foge de sentir...

de dentro da redoma
às vezes tenho a impressão de ouvir
meu nome
chamado por vozes conhecidas

ao redor não há ninguém
ainda...

a concha se abre
e eu entro
não sem antes dar uma breve olhadela
por cima dos ombros

ela se fecha
eu me recolho
ponho-me a fazer pérola...