Os que conhecem o bairro de Perdizes em São Paulo sabem de suas descidas e subidas tão íngremes que cansam só de pensar. Uma amiga carioca do Leblon uma vez disse que Perdizes parece cidade do interior.
Não sei se concordo. No interior a vida é bem menos corrida do que essa nas ladeiras de Perdizes.
Dizem que antigamente existia uma fazenda cortada por um rio bem onde hoje existe a avenida Sumaré. Até hoje a gente consegue ver biquinhas d'água brotando em algum canto da Sumaré, que servem de refresco e de tanque de lavar roupa para muitos moradores de rua.
Hoje, prédios não param de surgir... mais atualmente até, só prédios de alto padrão... 4 suítes, 4 vagas na garagem, salas com varandas imensas... Carros, ônibus e muitos cachorros não param sossegados no sobe-desce das ladeiras...
Outro dia, num desses dias cinzas, típicos de São Paulo, fui surpreendida por uma tempestade de verão (em plena primavera!!!) bem quando eu subia a Monte Alegre.
Em questão de minutos a calçada virou uma cachoeira impossível de se andar.
Os carros estacionados, desviavam a água da enxurrada para a calçada e tudo virou um caos total.
O guarda-chuva de pouco adiantou.
Resolvi esperar melhorar o aguaceiro para pelo menos poder terminar minha caminhada até o trabalho. Foram-se 20 minutos nessa espera.
Como não tinha remédio a não ser esperar, fiquei lá embaixo do toldo da lanchonete olhando a bagunça toda.
Imaginei a antiga fazenda.
Árvores grandes.
Árvores pequenas.
Pastos sem fim.
Plantações de lavanda.
Pomar com frutas de todos os tipos.
Bichos.
Joaninhas.
Com a melhora da situação da calçada, segui até o trabalho... ensopada...
... mas de alma bem leve depois do banho de chuva e da minha viagem no tempo.